Unidade, confiança<br>e luta

Manuel Rodrigues (Membro da Comissão Política do PCP)

Como tem sido sublinhado, o XX Congresso do PCP constitui um grande êxito e foi demonstrativo da unidade, determinação e confiança dos comunistas portugueses em torno do ideal e do projecto por que lutam. O Congresso traduziu a elevada consciência política e ideológica do colectivo partidário que constitui o PCP e que se revelou ao longo do processo preparatório e nos três dias da sua realização.

 

Os trabalhadores e o povo sabem que podem confiar neste Partido

De facto, o modo como os militantes e as organizações do PCP se envolveram na preparação do Congresso que incluiu, ao longo de meses, a discussão dos tópicos para as Teses, a sua construção e discussão e a eleição de delegados; o modo como, num aprofundado processo de auscultação, se construiu a proposta de composição do Comité Central; como se planificou e realizou milhares de reuniões, assembleias e plenários, com mais de 20 mil participantes e a apresentação de quase duas mil propostas de emenda/alteração ao projecto de resolução política, a maioria das quais integradas no texto final; como se realizou o rol imenso de tarefas necessárias ao êxito do Congresso; como os 1154 delegados participaram nos trabalhos ao longo dos três dias; os conteúdos das 137 intervenções; a presença de 62 delegações estrangeiras como expressão da solidariedade internacionalista do PCP; a presença e o entusiasmo dos milhares de convidados; a unidade verificada nas votações, entre muitos outros aspectos, fizeram deste Congresso uma extraordinária afirmação do Partido, da sua identidade, acção e força.

Neste ambiente de unidade, determinação e confiança ficou clara a profunda compreensão e identificação do colectivo partidário com as exigentes respostas que o Partido foi e continua a ser chamado a dar na complexa situação nacional e internacional que estamos a viver, nomeadamente na luta contra a política de exploração, empobrecimento e declínio nacional do governo PSD/CDS com um contributo determinante e decisivo para o seu isolamento social e derrota política e eleitoral; na luta pela defesa, reposição e conquista de direitos possibilitada pela nova correlação de forças na AR após as eleições de 4 de Outubro de 2015 e que implica aproveitar todas as oportunidades para levar o mais longe possível a reposição de rendimentos e direitos; na luta que, articulando objectivos imediatos e objectivos estratégicos, se trava pela ruptura com a política de direita e pela concretização de uma política patriótica e de esquerda indissociável da luta por uma democracia avançada vinculada aos valores de Abril, pelo socialismo e o comunismo.

Momento marcante

O XX Congresso foi um momento marcante na vida do Partido. A sua importância e significado – que a ideologia dominante com os seus multifacetados e poderosos meios tudo fez para desvalorizar – projectam-se agora na vida do Partido e na sociedade portuguesa.

Mas como afirmou Jerónimo de Sousa na sua intervenção de encerramento do Congresso: «quem senão este Partido, que nunca teve uma vida fácil, que foi temperado em tantas e tantas lutas e que nunca desanimou perante recuos e derrotas, que nunca descansou face a avanços e vitórias, pode afirmar a sua confiança nos trabalhadores, no nosso povo, a sua confiança numa pátria soberana?»

O Congresso do PCP foi o espelho de um Partido apostado em afirmar a sua identidade e natureza de classe, prosseguindo na luta pelos seus objectivos supremos, o socialismo e o comunismo, confirmando e reafirmando a sua base teórica, o marxismo-leninismo, no seu desenvolvimento criativo, patriótico e internacionalista, com uma profunda democracia interna, um Partido que – como frisou o Secretário-geral  – não regateará nenhum esforço, nenhuma tarefa, que visem defender e conquistar direitos e melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo, sempre com os olhos postos na linha do horizonte, no objectivo supremo que anima e justifica a nossa razão de ser e de lutar: uma sociedade liberta da exploração do homem pelo homem».

A reunião do Comité Central de sábado passado definiu um conjunto de linhas de trabalho e tarefas decorrentes das orientações aprovadas no Congresso que agora urge levar à prática, com o empenhamento de todos os militantes do Partido.

Face à complexidade e exigência da situação nacional e internacional, os trabalhadores e o povo sabem que podem confiar neste Partido, que não vira as costas à luta e, depois deste Congresso, está mais forte e preparado para prosseguir os combates do presente de olhos postos no futuro.

 



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